sábado, 27 de novembro de 2010

Saudação à arte...

Saudação ao Sol - Imagem cedida pelo artista
Imagem cedida pelo artista
Em uma tomada silenciosa, as cidades tornaram-se suportes múltiplos do fazer artístico e uma simples caminhada pode ganhar ares de circuito expositivo. E como em qualquer mostra, estamos suscetíveis a certa amplitude estética, com a vantagem democrática da publicidade gratuita. Fazendo aqui um recorte no espaço público, proponho um passeio pelas obras do artista paraibano Erickson Britto. Em exibição no Centro Cultural dos Correios, no Pelourinho, a coletânea individual A ARTE E A CIDADE  traz um conjunto com variação interessante, desde jóias à esculturas de grande porte.
A visão de Erickson sobre a volumetria e geometrização se alia a uma organicidade muito particular, algumas vezes expressa em cor, como o vermelho vivo de “Saudação ao Sol”, obra exposta na orla de João Pessoa, que recepciona o astro-rei e o público com seus 4 metros em ferro galvanizado. Na série “Equilíbrio Vazio”, sua linearidade faz surgir ritmos, e o vazio se preenche com o olhar. Para os olhos também há o deleite das jóias, que merecem seus cinco minutos de observação. Outras esculturas tornam-se em lâminas de vidro e metal, aparas metalizadas, aço polido e escovado, em uma pluralidade de elementos formais e identificação de pensamentos próprios.  Arriscaria aqui dizer que o artista conseguiu um elo singular entre conceitos concretos e neoconcretos, com limpeza de formas e mobilidade orgânica em suas criações. Uma leitura urbanística subjetivada, onde ora ocupa, ora representa a cidade.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Sampa

   A Maria Vernissage encontra-se em São Paulo para averiguar e, claro, ter algo a declarar sobre a 29ª Bienal e o mundo das artes visuais, que só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São João...

domingo, 7 de novembro de 2010

Metáforas humanas.

Bicho Geográfico foto: Caetano Dias
    A Menina, o Cão e o Homem. Entes explícitos em uma película-looping onde os recônditos humanos se revelam sem pudores, apenas vestidos de beleza e dor. O cósmico, na figura de uma ninfa, passeia pelos vãos e corredores do Palácio da Aclamação, à procura de algo desconhecido, inominável, inalcançável. O telúrico é um cão paradoxalmente dócil e faminto. Ele caminha ao lado e ao largo da cosmicidade, a espreita do que o Humano-Homem irá oferecer. Em um banquete no Salão Nobre, o coração deste Homem é servido à finesse e leveza da mulher-sentimento e à rudeza e visceralidade do cão-emoção. Há momentos de feminina sexualidade fremente, disfarçada na forma de água, e a busca masculina ritmada pelas batidas do martelo no elemento terra. 
    Caetano Dias mais uma vez consegue a literalidade em imagens, com uma eloquência voraz, quase aos gritos, a respeito da natureza humana e sua historicidade. No site-specific  “Bicho Geográfico", o apolíneo e o dionisíaco dançam tango. Vale a pena a visita, mesmo com o desconforto térmico que o local de exibição oferece. Mas vá com fome. Fome nos olhos e na alma...