terça-feira, 29 de maio de 2012

Carta dos conselheiros titulares de artes visuais e arte digital no Plenário do CNPC

Caros colegas,
Temos pela frente um desafio que precisamos responder à altura: a criação e renovação dos Colegiados Setoriais do Conselho Nacional de Política Cultural - CNPC, junto ao Ministério da Cultura - MinC, para o período 2012 a 2014. Os membros dos Colegiados Setoriais participam da formulação de políticas públicas de cultura no Governo Federal e avaliam a aplicação do Plano Nacional de Cultura. Exercem um papel fiscalizador das ações do MinC, cobrando pertinência e coerência em sua execução. O CNPC deve ser o mais legítimo canal de diálogo com o MinC, assim como ocorrem com os conselhos nacionais das demais áreas de governo.
São dezenove segmentos com representação da sociedade civil no CNPC. Todos são eleitos democraticamente. Se pensarmos estrategicamente - e deixarmos de lado o pensamento segmentado - podemos afirmar que a participação política das artes visuais naquela instância cresceu desde o início da criação do Sistema Federal de Cultura, em 2005. Atualmente teremos dois Colegiados Setoriais diretamente relacionados à arte contemporânea - artes visuais e arte digital - e quatro outros de áreas afins, que anteriormente também eram vinculadas pelo MinC às artes visuais: arquitetura, artesanato, design e moda.
Como conselheiros titulares de artes visuais e arte digital no Plenário do CNPC, pedimos a atenção de todos para a importância deste espaço conquistado de participação social e, principalmente, neste momento específico, de renovação e ampliação. Quase sem divulgação pelo MinC, está deflagrado o processo de eleição dos delegados estaduais que participarão dos Fóruns Nacionais Setoriais. Para que o processo continue representativo, todos nós precisamos ficar atentos e participar.
  • São os delegados eleitos nos Fóruns Estaduais Setoriais que, em Brasília, reunidos em um segundo momento, para o Fórum Nacional Setorial, poderão votar e concorrer às vagas dos Colegiados Setoriais;
  • Todos os Estados e o Distrito Federal deverão eleger seus delegados, três para cada área setorial. (O MinC vai arcar com as despesas de deslocamento de todos os delegados eleitos até Brasília.)
Nossa participação conjunta nos últimos anos, somada às outras 17 representações setoriais, nos mostrou a importância de construirmos Colegiados Setoriais atuantes, compostos pelos diversos agentes que compõem cada área. Entretanto, em nossa avaliação e pela experiência que tivemos naquele espaço, percebemos que o CNPC e o próprio MinC vivem uma crise inédita:
Se, por um lado, alguns setores do MinC defendem essa instância como um espaço legítimo para a pactuação das políticas públicas com a sociedade, outros (também do MinC) parecem ignorar as conquistas dos últimos anos e tentam, visivelmente, minimizar ou neutralizar o papel do conselho e de seus colegiados.
Trata-se, portanto, de um triste paradoxo. Até então o MinC foi o maior defensor da implantação de um Sistema Nacional de Cultura em que o Conselho Nacional e seus equivalentes nos Estados e Municípios seriam as instâncias deliberativas mais relevantes para o fortalecimento da participação social. Mas o que se percebe é que o MinC, que pautou Estados e Municípios para a adoção dessa prática, hoje precisa reaprender o que ensinou. O processo eleitoral, discutido e deliberado pelo CNPC, foi ignorado pelo MinC.
Denúncias e pedidos de atenção dos atuais conselheiros não faltaram, como já divulgamos, mas estes foram solenemente ignorados ou até menosprezados pela ministra Ana de Hollanda, protagonista ímpar de uma série de demonstrações declaradas de desprezo às práticas legítimas de pactuação de políticas públicas. Pelo exemplo ou orientação da ministra, secretarias e instituições vinculadas do MinC parecem - neste momento - estar alheias ao processo eleitoral do CNPC, situação muito diferente da vivida em 2010, quando o envolvimento das mesmas foi total.
Diante desta realidade, exclusiva do atual governo e inédita desde a eleição do ex-presidente Lula, o desencanto e o desânimo têm contaminado aqueles que militam nos mais diversos segmentos culturais, levando tantos a um sentimento de incredulidade e decepção. Preocupados que estamos com esta reação quase atônita da sociedade, propomos aqui a manutenção da ocupação crítica e consciente daquele espaço, como resposta política eficaz. Uma luta legítima, mas usando a inteligência como estratégia. Estamos propondo aqui uma ampla mobilização de todos os agentes culturais brasileiros para a eleição de seus delegados. Se é isso que a atual ministra quer evitar, é isso que conscientemente deveremos oferecer.
Nos Colegiados e no Plenário do CNPC, temos a oportunidade de mostrar ao Governo Federal que não pensamos apenas em “nossos quadrados”, mas na defesa da cultura como um todo. Por isso, não é hora de nos dividirmos, por mais que as “gavetas” que nos classificam naquele espaço instiguem diferenças e peculiaridades. Somos agentes em diferentes segmentos culturais, por todo o país. Temos muito a contribuir nas artes visuais e arte digital, mas também no artesanato, no patrimônio cultural, nos museus, na moda, no design ou na arquitetura e urbanismo, já que muitos de nós também atuam nesses segmentos. Por que nos considerarmos divididos se podemos somar? Ocupar esses espaços no CNPC é mais do que legítimo, é um exercício político que nos permitirá conquistar maior respeitabi lidade e, finalmente, sermos ouvidos.
Inscreva-se no portal do MinC e mobilize seu segmento em sua cidade, em seu Estado.
Ajude a divulgar o que o MinC parece manter em segundo plano e vamos mostrar ao Governo Federal a força e a persistência da cultura.
Abraços!
Charles Narloch
Membro titular do Colegiado Setorial de Artes Visuais, membro titular do CNPC (2010-2012)
Patricia Kunst Canetti
Membro titular do CNPC, representante do segmento de Arte Digital (2008-2012)

Setor de Artes da Biblioteca Pública do Estado da Bahia


Para os amantes das mais diversas expressões artísticas, a Biblioteca oferece os serviços do Setor de Artes, que fica no 3º andar. O Setor possui, atualmente, um acervo de 3.887 livros, 230 catálogos e 15 revistas que falam sobre teatro, música, artes plásticas, fotografia, entre outras linguagens, disponíveis gratuitamente ao público geral de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 18h.

Com uma média de 55 visitas por mês, o Setor de Artes ainda é pouco conhecido, atendendo principalmente a mestrandos e doutorandos que buscam fontes bibliográficas para suas pesquisas. Além do serviço de consulta ao acervo, o Setor realiza exposições temáticas periódicas, que podem ser conferidas no corredor do 3º andar. Para ter acesso aos volumes, que só podem ser consultados na Biblioteca, basta comparecer à sede, situada à rua General Labatut, 27 (Barris), com o documento de identidade. Não é necessário cadastro. Mais informações: (71) 3117-6069.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Projeto Residências Artísticas 2012 da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj)

Via Canal Contemporâneo

A Fundação Joaquim Nabuco - Fundaj lança o Projeto de Residências Artísticas 2012, no valor bruto de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) cada.
Constitui objeto do Projeto de Residências Artísticas 2012, a seleção de até 6 (seis) projetos em artes visuais para residências de criação, exposição e formação 3 (três) das residências serão realizadas na Fundação Joaquim Nabuco - Fundaj, * no Recife, Estado de Pernambuco, e 3 (três) serão realizadas no Centro Cultural Banco do Nordeste - CCBNB *, em Fortaleza, Estado do Ceará no 2º semestre de 2012.
Podem se inscrever artistas e coletivos de artistas visuais brasileiros e estrangeiros, residentes no Brasil, desde que não tenham realizado exposição individual em quaisquer das galerias da Fundaj ou do CCBNB nos 2 (dois) anos anteriores ao prazo de inscrição estabelecido neste Edital.
Inscrições abertas de 19 de junho a 19 de julho de 2012
Fundação Joaquim Nabuco
Coordenação-Geral do Espaço Cultural Mauro Mota
Coordenação de Artes Visuais
Rua Henrique Dias, 609, Derby, Recife - PE
Mais informações: 81-3073-6691 / 6692 ou artes@fundaj.gov.br
Segunda a sexta-feira, 8-12h e 14-18h
* As exposições que resultarem das residências realizadas no Recife terão lugar nas Galerias Massangana e/ou Baobá, da Fundaj, e as que resultarem das residências realizadas em Fortaleza terão lugar nas Galerias do CCBNB.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Encontro com a arte brasileira - Canal Contemporâneo

Matéria de Camila Molina originalmente publicada no jornal Estado de S. Paulo em 13 de maio de 2012.
Museu de Seattle prepara grande mostra brasileira e exibe instalação de Sandra Cinto como preparativo

Há mais de dois anos, o Seattle Art Museum (SAM), dos EUA, está de olho na arte brasileira. Em 2010, quando os diretores da instituição, uma das principais da costa oeste norte-americana, estiveram em São Paulo para pesquisar a produção contemporânea nacional, entre museus e galerias ficaram impressionados com a mostra Imitação da Água, que a artista Sandra Cinto exibia, na ocasião, no Instituto Tomie Ohtake. "Essa viagem já era parte das preliminares de um projeto do museu, o de realizar uma grande exposição de arte brasileira, que estamos programando para 2015", diz Catharina Manchanda, curadora do SAM.
Na quinta-feira, Catharina e a curadora associada do museu americano, Marisa Sánchez, conversaram com o Estado no Ibirapuera, o local que fervilhou de pessoas do meio artístico nacional e internacional durante esta semana por conta da SP-Arte - Feira Internacional de Arte de São Paulo, que termina hoje no pavilhão da Bienal. Vieram a convite do programa do evento, aproveitaram a oportunidade para "pesquisar" - Catharina ainda ia ao Rio; Marisa, iria depois para o Instituto Inhotim, em Minas Gerais. O SAM quer investir no projeto da mostra de arte brasileira. Afinal, já está investindo.
No último dia 14 de abril, Sandra Cinto inaugurou no Olympic Sculpture Park Pavilion do museu de Seattle a instalação Encontro das Águas, desdobramento da obra que realizou em 2010 em São Paulo e que ficará em exposição no local até maio de 2013. "Pensamos que seria importante para nós convidar artistas seminais, como a Sandra, para fazer um projeto antes no museu, como uma forma de introduzir a importância da arte brasileira aos visitantes, sobretudo, o público do noroeste dos EUA, que nunca viu nada do Brasil", diz Catharina. "Foi o começo de uma relação mais profunda."
Sandra Cinto é a primeira brasileira a expor no SAM. O trabalho da artista é um grande painel, com um desenho que recria um mar em tormenta sobre fundo azul e traços feitos com canetas permanentes à base de óleo em tonalidades de prata. As ondas remetem às das gravuras ukiyo-e do japonês Katsushika Hokusai (1760-1849), mas a obra, em seu sentido poético mais geral, tem como referência o famoso quadro A Balsa de Medusa, do francês Théodore Géricault (1791-1824).
No pavilhão de vidro do parque de esculturas do SAM (que tem peças permanentes de Calder e Louise Bourgeois, por exemplo), a obra de Sandra, formada pelo painel desenhado e por um barco instalado no espaço, fica de frente para o Oceano Pacífico. "A ideia era colocar o observador na condição de náufrago da sociedade contemporânea no meio do mar real e o virtual. Fala de tragédia, mas sem perder a poesia", diz Sandra. A artista já viaja para os EUA novamente, para inaugurar neste sábado uma instalação na The Phillips Collection em Washington.
Seu Encontro das Águas foi uma experiência coletiva, criada como "um bordado" por duas semanas e com a participação de assistentes e de 18 voluntários. "A obra de Sandra está introduzindo a arte brasileira em Seattle de uma maneira monumental", diz Marisa Sánchez. Por enquanto, como conta Catharina Manchanda, não há nenhuma obra de artista do Brasil no acervo (de seções históricas e culturais, europeia, moderna e contemporânea) da instituição americana - formada pelo museu de arte, museu de arte asiática e pelo parque de esculturas. A grande exposição brasileira programada para 2015 poderá alavancar aquisições para o SAM.
"Quero que a exposição tenha um capítulo sobre o momento concretista, com conexões da arte com a música, a arquitetura e o design; e outro tendo como ponto de partida o desenvolvimento fascinante da arte brasileira no contexto político do fim dos anos 60 e reverberando para a arena contemporânea", diz Catharina, completando que a mostra será acompanhada de catálogo com textos de profissionais brasileiros convidados. "Na arte internacional produzida hoje, parece-me que vemos muitas das coisas formuladas no Brasil no final dos anos 60, uma arte de conexão com a vida, uma estética que tem uma potência política e social", continua a curadora, que citou "curiosidade", por exemplo, sobre obras de artistas como Erika Verzutti e Laura Lima.

link do texto:  http://www.canalcontemporaneo.art.br/brasa/archives/004815.html

Ufa!

As Marias andam a mil, entre pesquisas, ações, poéticas e vernissages, e isto trouxe um pequena lacuna ao blog. Pedimos desculpas por isto, e como recompensa, teremos textos e publicações do Canal Contemporâneo, escolhidos a dedo! Em breve também textos críticos sobre exposições. Acompanhem-nos, a museologia e as artes visuais agradecem!