segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Informe

Aprender fazendo é uma forma arriscada de didática, mas imensamente recompensadora. No trajeto deste quase um ano de trabalho - aqui falamos do projeto "Presente de Natal para a Museologia Baiana"- percebemos o quanto a prática pode melindrar a teoria. Iniciamos o processo acreditando em prazos, em propostas e em nós mesmas. Agora, acreditamos ainda mais em nós mesmas. Foram, e são, muitos contratempos, aumento de material de pesquisa, reformulações de tudo, principalmente do que pensávamos a respeito do campo de trabalho da Museologia. Mas não paramos, apenas estamos estendendo o prazo necessário para que o resultado seja idôneo, coerente e maduro profissionalmente. Até o momento temos mais de 78% dos espaços mapeados, e o restante em condições delicadas de pesquisa. Temos dados que parecem divergir de fontes oficiais, e isto precisa ser analisado com muita calma. Pautamos com seriedade qualquer atividade que leve o selo do Coletivo Maria Vernissage, e é esta a razão das linhas que acabam de ler. E os resultados então, quando são? Quando acreditarmos que estejam prontos, embasados e confiáveis, para todos vocês que acreditam em nós!

domingo, 18 de novembro de 2012

Publicação no Blog Mulherzinha, de Paula Dultra.

http://www.blogmulherzinha.com/2012/11/cultura-o-que-e-que-bahia-tem-arte.html


A Bahia possui expressividade artística. E não falo aqui da capoeira, de carnaval, dos centros históricos ou caruru. Falo de artes visuais, de um mergulho no “pós-mídia”, dos tradicionais suportes à digitalidade.
Contudo, nos últimos 50 anos, Salvador -Terra da Bahia, saudoso Jorge- vive um hiato cultural. Os anos 1960 trouxeram uma explosão cultural com o Cinema Novo, o Tropicalismo, o Teatro dos Novos, Revista da Bahia e as Bienais, dentre outros fatos relevantes da história da cultura baiana. Viveu-se a Galeria Oxumaré, as Bienais de 66 e 68, os salões universitários e a Bienal do Recôncavo (ainda viva!).
E hoje? Venho acompanhando o cenário soteropolitano em pueris quatro anos, mas maduros o suficiente para perceber a pouca valorização da produção local. Tivemos sacudidas do que acontece mundo afora, e pudemos nos deliciar com pequenos bocados: Tunga, Waltércio Caldas, Joseph Beuys, recorte da 29ª Bienal, Rodin, mas faltou Bahia.
E a Bahia Contemporânea, de produções cosmopolitas, sem o estigma de chapéu de couro e unicamente matriz africana. Somos celeiro de produções interessantes, que aqui nascem, mas não adolescem. Fora do estado, e do país, nossos artistas seguem remunerados e reconhecidos, mas aqui a “exposição” é pífia, tida como elitizada e entendida por poucos. Mas, rechaços à parte, aqui cabe agora abrir uma janela, um espaço para falar sobre estes artistas baianos que merecem aplauso, crítica, discurso, feedback e pimenta. De baiana.
Beijos
Aila Canto

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Curador sintetiza pontos centrais da arte brasileira

Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 26 de outubro de 2012.

Livros e caixas são suportes usados e recriados por muitos artistas contemporâneos. Marcel Duchamp foi um dos primeiros a se utilizar dessa prática, com sua "Caixa-valise" (1938-1942), na qual apresentava miniaturas de 61 obras suas.
"Aberto Fechado: Caixa e Livro na Arte Brasileira", com curadoria de Guy Brett, apresenta um amplo panorama sobre esse tema a partir de uma ótica local. Brett, crítico e curador inglês, há cinco décadas envolvido com a produção brasileira, selecionou 90 obras de 23 artistas.
É preciso reconhecer: trata-se de uma das melhores exposições sobre arte brasileira. Por meio de uma questão original, Brett sintetiza alguns dos pontos centrais da produção nacional com obras absolutamente precisas.
"Ninhos" (1969), de Hélio Oiticica, é um bom exemplo. Penetrável criado para a galeria Whitechapel, em Londres, é composta por seis caixas recheadas de materiais distintos, que permitem a interação com o espectador. Assim, ao contrário das caixas de artistas europeus ou americanos até então produzidas, confirma-se que, no Brasil, o rompimento da relação formal com o objeto artístico através da participação do espectador é um eixo central.
Nesse caso estão ainda obras icônicas como "O Ovo" (1968), cubo de papel que pode ser rompido pelo visitante, ou "Caixa Brasil" (1968), estojo que contém mechas de cabelo de índios, europeus e africanos, ambos de Lygia Pape.
Nesse último trabalho, com os cabelos dispostos de acordo com sua ocupação no país, a começar pelos índios, percebe-se um novo viés. Obras como "Caixa Brasil" dizem respeito à política de uma forma global, no caso o significado da cultura brasileira. Esse viés também é percebido com "Livro de Carne"(1978-1979), registros de um livro feito de carne, por Artur Barrio, num momento em que havia tortura em prisões brasileiras.
Assim, a mostra desdobra-se em múltiplas dimensões, da política à formal, como a influência construtiva nas obras de Raymundo Collares, caso de "Gibi de Bolso"(1971).
Outro mérito é que os textos que acompanham as obras não são divagações generalistas, como tem ocorrido com frequência, mas explicações dos próprios artistas sobre seus trabalhos.
A exposição ainda é acompanhada por um catálogo exemplar, com ensaios de fôlego, imagens de todos os trabalhos expostos e depoimentos dos artistas. Contudo, acima de tudo, "Aberto Fechado" é uma reunião de excelentes trabalhos.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

1 ano de Maria!




 O Coletivo Maria Vernissage completa hoje seu primeiro ano. Pensar seu formato, cumprir metas diárias, resolver problemas-surpresa (ou não tão surpresa assim), montar e remontar ideias, rearranjar funções, buscar parcerias, preparar reuniões emergenciais, alterar prazos e descobrir que o mundo é muito maior do que se imaginava, são partes de todo o trabalho inerente a qualquer grupo que resolva, insanamente, se juntar para criar algo novo. E por ser algo novo, é no seu percurso que as paredes vão sendo suspensas, as janelas, instaladas, e o teto se firmando. Fechamos aqui o primeiro ciclo, de muitos percalços e resultados ainda imberbes, mas cheias de vontade e garra, para continuarmos seguindo e amando ser as "Maria Vernissage" ! 

E, de presente, a mensagem do bambu chinês!

Depois de plantada a semente deste incrível arbusto, não se vê nada exceto um lento desabrochar de um diminuto broto a partir do bulbo. Durante 5 anos, todo o crescimento é subterrâneo, invisível a olho nu, mas uma maciça e fibrosa estrutura de raiz que se estende vertical e horizontalmente pela terra está sendo construída. Então, no final do 5º ano, o bambu chinês cresce até atingir a altura de 25 metros.
Muitas coisas na vida pessoal e profissional são iguais ao bambu chinês. Você trabalha, investe tempo, esforço, faz tudo o que pode para nutrir seu crescimento, e às vezes não vê nada por semanas, meses ou anos. Mas, se você tiver paciência para continuar trabalhando, persistindo e nutrindo, o seu 5.º ano chegará, e com ele virão crescimento e mudanças que você jamais esperava.