Foto: Kiki Moniz |
Em um período do ano que costumamos falar do que se tem de melhor, não poderia escolher momento mais propício para traçar algumas linhas sobre a artista plástica Lica Moniz.
O cerne de sua produtividade tem uma forte ligação com o mar, elemento que deu suporte às suas duas últimas exposições. Estas, sob meu olhar, se complementam magnificamente.
Tempo de Fundo coagula o seu processo de Mestrado, pontilhado por uma crescente maturidade acadêmica e pessoal. É tangível as relações filosóficas e embasamento teórico na sua poética visual. Mesmo se tratando de fragmentos do espaço marinho, a leitura geral é concisa e faz uma ponte sólida entre o mar real e o virtual.
Já O Projeto Maraldi é um site specific que agrega a arte e a ciência de forma mais explícita, aqui representada pela arqueologia subaquática. Saindo dos espaços tradicionais e ressignificando um naufrágio, esta obra reverte os conceitos expográficos e revela o aumento de subjetivação que a artista delineou em Tempo de Fundo. Com o espaço marcado por luzes estanques, faz de um ponto o símbolo representativo da imensidão do mar e das possibilidades de acervo que ele guarda.
Com uma habilidade sutil de relacionar o micro e macro físico, de pensar em paralelo o coletivo e a solidão humana no mar psicológico, eis que vejo o melhor dessa ontogênese: a transformação de elementos triviais em arte.
Com uma habilidade sutil de relacionar o micro e macro físico, de pensar em paralelo o coletivo e a solidão humana no mar psicológico, eis que vejo o melhor dessa ontogênese: a transformação de elementos triviais em arte.