Flor Fantástica XII, c.1966, óleo s/ tela, 73 x 91cm, Coleção da família. |
Máscara CCXI, 1969, óleo s/ chapa, 46 x 54cm, Coleção Bárbara Schubert Spanoudis |
Perdi-me entre as “Florestas Fantásticas e Máscaras Imaginárias” de Niobe Xandó. Tateei a saída pelas palavras de Antonio Carlos Abdalla, o curador do que está em exibição na Caixa Cultural, e descobri o porquê desta artista ser inclassificável.
A sensação primária ao olhar sua pintura é um vazio mental. Aos poucos, como se buscássemos nos recônditos mais esquecidos, aqueles que negamos a nós mesmos, as imagens vão tomando forma e significado. A resposta é cruel, nua, sem pudor. É um 3D de humana desumanidade, de como podemos ser frios, observando a natureza íntima de suas florações, e assustadores, perscrutando o inconsciente pujente em suas máscaras. Segundo Mário Schenberg, “Niobe não conseguiu amar o homem da sociedade de consumo, sem cor, sem sabor, sem cheiro, mas o retratou.”
Dentro desta produção, Niobe Xandó consegue um tipo de unidade nos múltiplos ritmos que impõem às suas obras: organicidade visceral. De elementos florais a traços ricamente geometrizados, o orgânico aparece pululante em cada pintura observada, independente do período no qual foi produzida. É como se a arte mágica e fantástica, o dadaísmo e a arte ecológica, somados a uma consciência histórica e social, tirassem de si o que têm de mais telúrico e formasse um novo movimento, o niobexandoísmo. Sim, de tão única e livre só assim seria possível encaixar esta coletânea em alguma classificação...
P.S. Aos que puderem ajudar: o curador Antonio Carlos Abdalla pediu, no dia da abertura, quem tiver, ou conhecer pessoas que tenham alguma obra de Niobe Xandó que ainda não esteja catalogada, que entre em contato com ele: acmabdalla@uol.com.br