Saudação ao Sol - Imagem cedida pelo artista |
Imagem cedida pelo artista |
Em uma tomada silenciosa, as cidades tornaram-se suportes múltiplos do fazer artístico e uma simples caminhada pode ganhar ares de circuito expositivo. E como em qualquer mostra, estamos suscetíveis a certa amplitude estética, com a vantagem democrática da publicidade gratuita. Fazendo aqui um recorte no espaço público, proponho um passeio pelas obras do artista paraibano Erickson Britto. Em exibição no Centro Cultural dos Correios, no Pelourinho, a coletânea individual A ARTE E A CIDADE traz um conjunto com variação interessante, desde jóias à esculturas de grande porte.
A visão de Erickson sobre a volumetria e geometrização se alia a uma organicidade muito particular, algumas vezes expressa em cor, como o vermelho vivo de “Saudação ao Sol”, obra exposta na orla de João Pessoa, que recepciona o astro-rei e o público com seus 4 metros em ferro galvanizado. Na série “Equilíbrio Vazio”, sua linearidade faz surgir ritmos, e o vazio se preenche com o olhar. Para os olhos também há o deleite das jóias, que merecem seus cinco minutos de observação. Outras esculturas tornam-se em lâminas de vidro e metal, aparas metalizadas, aço polido e escovado, em uma pluralidade de elementos formais e identificação de pensamentos próprios. Arriscaria aqui dizer que o artista conseguiu um elo singular entre conceitos concretos e neoconcretos, com limpeza de formas e mobilidade orgânica em suas criações. Uma leitura urbanística subjetivada, onde ora ocupa, ora representa a cidade.