domingo, 7 de novembro de 2010

Metáforas humanas.

Bicho Geográfico foto: Caetano Dias
    A Menina, o Cão e o Homem. Entes explícitos em uma película-looping onde os recônditos humanos se revelam sem pudores, apenas vestidos de beleza e dor. O cósmico, na figura de uma ninfa, passeia pelos vãos e corredores do Palácio da Aclamação, à procura de algo desconhecido, inominável, inalcançável. O telúrico é um cão paradoxalmente dócil e faminto. Ele caminha ao lado e ao largo da cosmicidade, a espreita do que o Humano-Homem irá oferecer. Em um banquete no Salão Nobre, o coração deste Homem é servido à finesse e leveza da mulher-sentimento e à rudeza e visceralidade do cão-emoção. Há momentos de feminina sexualidade fremente, disfarçada na forma de água, e a busca masculina ritmada pelas batidas do martelo no elemento terra. 
    Caetano Dias mais uma vez consegue a literalidade em imagens, com uma eloquência voraz, quase aos gritos, a respeito da natureza humana e sua historicidade. No site-specific  “Bicho Geográfico", o apolíneo e o dionisíaco dançam tango. Vale a pena a visita, mesmo com o desconforto térmico que o local de exibição oferece. Mas vá com fome. Fome nos olhos e na alma...

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