Depois de uma visita ao Solar do Ferrão para apreciar o acervo exposto de peças sacras, da coleção Abelardo Rodrigues, deixo aqui algumas linhas para reflexão...
Uma exposição começa no pensamento. Em seguida, se projeta ao espaço, ganha contornos físicos. Por último, acontece a experimentação com o corpo. Obras apinhadas em um local como se fosse um estande de feira comercial não é uma exposição. Estas precisam ser contextualizadas, e a isto chamamos curadoria.
Acredito que cada obra deve ocupar o estritamente essencial para ser vivenciada sem perda, mas é necessário abandonar a pretensão de ter sistematicamente um cubo para a peça tridimensional. E também não se torna primordial exibir todos os exemplos para explicar um conceito. Não é preciso esconder as estruturas e pintar tudo: a museografia pode ser Brechtiana, por que não?
Exposições são realizadas para que se aprenda, e apreenda, algo do acervo que se observa/interage. Entendo a curadoria como a criação de uma escola temporária. Público e obras estabelecem um diálogo, em uma vivência curta e com objetivos comuns a ambos. Considero exposições de sucesso aquelas das quais saí como amiga íntima. E esta do Solar, nem como colega de fila de cinema...