Naked King, de Katarina Vavrova |
Em dezembro de 2010 fui assistir a uma palestra de um renomado curador sobre Joseph Beuys, cuja exposição encontra-se em exibição no MAM. Auditório lotado, apresentação logística impecável. Imagens incríveis de pinturas dos séc. XVI ao XIX sobre os santos Cosme e Damião, para exemplificar uma releitura. Um relato sobre a vida do artista em um tom intimista envolvente e explicações elucidadoras sobre algumas de suas obras. Entretanto, após duas horas e meia de audição, percebi que a cola usada para unir estas partes foi de péssima qualidade, como uma forçosa busca sobre o que o Brasil e Joseph Beuys teriam em comum e a correlação estranha entre duas de suas produções e o ataque ao World Trade Center, nos EUA. Foi muito decepcionante perceber o descuido no discurso, como se o fato de ser um expert estrangeiro corroborasse dizer aleatoriamente qualquer coisa naquele auditório, e para aquela plateia de parvos brasileiros. E claro, decepção ainda maior de ouvir esta mesma plateia ovacioná-lo com emoção e efusividade ao final de tudo. Senti-me a criança olhando para a roupa nova do rei...
Um ano novo se inicia, mas uma torrencial chuva de velhas promessas, disfarçadas em outra roupagem, nos molha com uma obviedade que assusta. Aproveitando este momento onde fica mais fácil aceitar transformações, venho sugerir uma promessa diferente, que ainda não vi acontecer em terras baianas: que tal pararmos de nos embevecer com a mediocridade e as amostras grátis intelectuais que o mundo importado, volta e meia, insiste em nos "presentear" ?
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