O olhar de quem
está incluso no universo da museologia é diferenciado. Muitas vezes nos detemos
a observar muito mais atentamente a estrutura em que a obra se encontra do que
necessariamente a obra em si. E é com
este “olhar museográfico” que vi a exposição “Momentos”, da artista baiana
Consuelo Radclyffe, na Caixa Cultural de Salvador. Que as suas esculturas são
lindas e nos trazem sensações e boas lembranças dos nossos próprios “momentos”,
isso ninguém duvida, porém a forma em que as peças foram distribuídas no espaço
é que apresenta complicações. A maioria das esculturas estão nas laterais da
sala, com uma ao centro, e aí que está o
problema. Imagine você visitante, concentrado, admirando uma das obras e meio
sem pensar, num simples movimento, em um passo para trás, esbarra nesta vitrine
central... O estrago está feito. Você corre o risco de danificar a obra e/ou se
machucar.... Pensar em expografia é pensar em segurança também, que não é
exclusivamente ter extintores para diversos tipos de materiais ou saída de
emergência, é pensar no direito do visitante de ir e vir dentro do museu, sem
colocar o bem estar dele em risco. A utilização de vitrines com duas
repartições, neste caso não daria muito certo, porque geralmente a largura
destas iria deixar a sala menor do que ela já é. Prateleiras ou grandes cubos
nas paredes, porém a sala é tão pequena que não permite que intervalos entre
elas sejam feitos, e a exposição acabaria sendo um amontoado de peças. A solução
mais conveniente é a ida para uma sala que disponha de um espaço maior,
mantendo a forma de distribuição. É válido se pensar em soluções que possam
contemplar as duas partes mais importantes de uma exposição: o trabalho do
artista e o público que o visita.
Estou de pleno acordo. Quando visitei a esposição foi a primeira coisa que percebi. As obras não são pequenas, e do modo como estão dispostas na sala, não contribui para que sejam apreciadas como devem.
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