terça-feira, 29 de janeiro de 2013
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
Waltercio Caldas lidera ranking de arte brasileira
Matéria de Cassiano Ellek Machado originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 16 de janeiro de 2013.
Levantamento inédito do Itaú Cultural tem carioca como artista com mais mostras nos últimos 25 anos
Pesquisa, que incluiu 19 mil mostras, no Brasil e no exterior, aponta contemporâneos à frente de modernos
No universo tão sem régua e compasso da cultura brasileira, eis que
surge um levantamento estatístico revelador da produção artística do
último quarto de século.
Numa pesquisa ainda inédita, o Itaú Cultural
tabulou os dados de 19 mil exposições da qual participaram artistas
brasileiros, no Brasil e no exterior, e chegou a uma lista dos que
tiveram mais visibilidade desde 1987.
Um dos artistas mais prestigiados do país, o escultor, desenhista e
artista gráfico carioca Waltercio Caldas, 66, foi o primeiro colocado do
ranking, com a participação em 314 mostras, entre coletivas e
individuais.
Com 14 exposições a menos, outra artista do primeiro time, a gaúcha
Regina Silveira, 73, ficou em segundo lugar no ranking, seguida de Vik
Muniz (296), Cildo Meireles (291) e Antonio Dias (274).
Entre os top ten da lista, só dois artistas não estão mais em
atividade: Iberê Camargo (1914-1994), em sexto, e Hélio Oiticica
(1937-1980), o oitavo colocado.
Oiticica chegou a liderar um ranking elaborado anteriormente pelo
Itaú Cultural, que levava em conta apenas mostras realizadas entre 2001 e
2010 (período no qual teve obras em 142 exposições).
Os dados evidenciam como o prestígio do artista carioca cresceu na
última década, período no qual sua arte foi objeto de grandes mostras em
museus importantes como a Tate Modern (Londres) e o The Museum of Fine
Arts de Houston (EUA).
O levantamento, que começou a ser feito no ano de fundação do Itaú
Cultural, em 1987, ilustra também como artistas contemporâneos batem com
larga margem os modernos em visibilidade.
Do grupo do primeiro modernismo, o melhor colocado no ranking é Di
Cavalcanti (1897-1976), em 16º, logo à frente de Lasar Segall
(1891-1957). Tarsila do Amaral (1886-1973) e Portinari (1903-62) dividem
a 28ª colocação.
Dos 118 artistas presentes em mais de cem mostras, os mais jovens são
a paulista Sandra Cinto e o carioca José Damasceno, de 44 anos.
A pesquisa "Artistas com maior número de exposições entre 1987 e
2012" começou a ser realizada para alimentar o banco de dados do Itaú
Cultural e a "Enciclopédia de Artes Visuais" da instituição, disponível
na Internet desde 2001, e que hoje conta com mais de 5.500 verbetes.
Uma equipe de três funcionários, um deles trabalhando exclusivamente
na tarefa, realiza a pesquisa de modo ativo, com buscas na imprensa
cultural e contatos com as principais instituições.
"Não é um trabalho exaustivo, que busque refletir dados absolutamente
precisos, mas acredito que é um conjunto de dados relevante", diz Selma
Cristina da Silva, gerente do Centro de Documentação e Referência.
O levantamento também tabulou as atividades dos curadores. O carioca
Fernando Cocchiarale, 61, que foi por oito anos diretor do Museu de Arte
Moderna do Rio, lidera o ranking, com 68 curadorias. O atual diretor do
Museu de Arte Contemporânea da USP, Tadeu Chiarelli, 56, é o segundo
colocado.
FRASE
"O número de espaços para expor aumentou significativamente nos
últimos anos. E o mercado externo está bem mais aberto para brasileiros.
Só fui ter minha primeira mostra fora aos 40. Hoje, artistas de 20 já
expõem no exterior." WALTERCIO CALDAS
quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
Expondo-nos, Arthur Scovino.
Eis que Nhanderudson nos leva
pelas mãos – ou pés, vai saber – e nos coloca diante de uma arte desconstrutora
de signos, com borboletas, jacarés e partes íntimas da anatomia humana, que
falam mais de quem as vê do que de si próprias.
São fotografias postadas em um conhecido site de compartilhamento de
imagens, entre 2006 e 2012, selecionadas para a mostra - Nhanderudson:
numa velocidade estonteante. O discurso curatorial “alter ego” de Arthur
Scovino vai do óbvio ao subjetivo, dependendo
de quais portas comunicativas
serão abertas pelo público. A ontogênese artística é um conflito identitário
sobre suas origens, tão brasileira ao se afirmar italiana, indígena e outras
mais.Com isto em mente, passeia por
conceitos sócio-antropológicos e besteirol saudável, sem a costumeira pretensão
acadêmica tão vista em exposições de arte contemporânea. As relações linguísticas e visuais presentes
em algumas obras tabulam com o discurso antropofágico quase que automaticamente,
de tantos mergulhos do artista no Tropicalismo. A elegante e disfarçada provocação de cunho social, a única constante em
suas produções artísticas até o momento, aqui aparece mais contundente, pois as
imagens só são plenamente fruídas quando nos desnudam dos preconceitos. É a
exposição que captura pela irreverência e se despede com o incômodo. Ao terminar
de ver a coletânea cabe se perguntar o quanto de brasilidade vive em nós, em corpo, em pensamentos, e se o
que estamos “expondo” de nós realmente apresenta quem somos.
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