quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Expondo-nos, Arthur Scovino.






Eis que Nhanderudson nos leva pelas mãos – ou pés, vai saber – e nos coloca diante de uma arte desconstrutora de signos, com borboletas, jacarés e partes íntimas da anatomia humana, que falam mais de quem as vê do que de si próprias.  São fotografias postadas em um conhecido site de compartilhamento de imagens, entre 2006 e 2012, selecionadas para a mostra  - Nhanderudson: numa velocidade estonteante. O discurso curatorial “alter ego” de Arthur Scovino vai do óbvio ao subjetivo, dependendo de quais portas comunicativas serão abertas pelo público. A ontogênese artística é um conflito identitário sobre suas origens, tão brasileira ao se afirmar italiana, indígena e outras mais.Com isto em mente, passeia por conceitos sócio-antropológicos e besteirol saudável, sem a costumeira pretensão acadêmica tão vista em exposições de arte contemporânea. As relações linguísticas e visuais presentes em algumas obras tabulam com o discurso antropofágico quase que automaticamente, de tantos mergulhos do artista no Tropicalismo. A elegante e disfarçada provocação de cunho social, a única constante em suas produções artísticas até o momento, aqui aparece mais contundente, pois as imagens só são plenamente fruídas quando nos desnudam dos preconceitos. É a exposição que captura pela irreverência e se despede com o incômodo. Ao terminar de ver a coletânea cabe se perguntar o quanto de brasilidade  vive em nós, em corpo, em pensamentos, e se o que estamos “expondo” de nós realmente apresenta quem somos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário