Eis que Nhanderudson nos leva
pelas mãos – ou pés, vai saber – e nos coloca diante de uma arte desconstrutora
de signos, com borboletas, jacarés e partes íntimas da anatomia humana, que
falam mais de quem as vê do que de si próprias.
São fotografias postadas em um conhecido site de compartilhamento de
imagens, entre 2006 e 2012, selecionadas para a mostra - Nhanderudson:
numa velocidade estonteante. O discurso curatorial “alter ego” de Arthur
Scovino vai do óbvio ao subjetivo, dependendo
de quais portas comunicativas
serão abertas pelo público. A ontogênese artística é um conflito identitário
sobre suas origens, tão brasileira ao se afirmar italiana, indígena e outras
mais.Com isto em mente, passeia por
conceitos sócio-antropológicos e besteirol saudável, sem a costumeira pretensão
acadêmica tão vista em exposições de arte contemporânea. As relações linguísticas e visuais presentes
em algumas obras tabulam com o discurso antropofágico quase que automaticamente,
de tantos mergulhos do artista no Tropicalismo. A elegante e disfarçada provocação de cunho social, a única constante em
suas produções artísticas até o momento, aqui aparece mais contundente, pois as
imagens só são plenamente fruídas quando nos desnudam dos preconceitos. É a
exposição que captura pela irreverência e se despede com o incômodo. Ao terminar
de ver a coletânea cabe se perguntar o quanto de brasilidade vive em nós, em corpo, em pensamentos, e se o
que estamos “expondo” de nós realmente apresenta quem somos.
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