quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Uma viagem com gosto de fotografia...


   

     O Tempo com várias facetas...este foi  o  prazeroso guia que me acompanhou  na viagem que fiz pela sexta edição do A Gosto da Fotografia. Comecei com asas nos pés, indo ao MAM apreciar “O Tempo Dissolvido”.  Através dos olhos de Thomaz  Farkas vi recortes de seis décadas de trabalho, que  resultaram  em espelhos de reconhecimento de um Brasil mais que humano, e não esperaria menos do mais humano dos fotógrafos...Pegando carona com um zéfiro que passava, cheguei ao Museu de Arte da Bahia, sentindo o cheiro do realismo fantástico de Boris Kossoy. Nestra mostra,  intitulada “O Caleidoscópio e a Câmara” pude ver alguns pedacinhos de vidro chamados Manaus, São Paulo e Salvador, que formaram um padrão geométrico digno de aplausos. Uma aula de viver, em 40 anos de registro, deste fotógrafo-pensador.   
      Seguindo algumas migalhas de pão intelectual, encontrei o Museu da Misericórdia , e nos recônditos do seu espaço, deparei-me com uma das últimas homenagens feitas a Mário Cravo Neto, por Sabrina Pestana, com imagens completamente despidas de máscaras...realmente: Sem Ponto Final.  Com a técnica do light painting, Ana Lúcia Mariz me convenceu, com um fio de luz, de memória, a passar pelos seus espaços retratados e sublimar o desgaste que exibem. E então vi sua Alma Secreta... Seguindo os sons de sorrisos abertos e peles brilhantes entrei no Solar do Ferrão e trilhei a ponte feita por Ricardo Teles entre a Bahia e a África.  De repente me dei conta que não sabia qual era O Lado de Lá ou de Cá. Infelizmente a dor surgiu no Portal do Não Retorno, mas foi bom, afinal, são as dores que nos fazem lembrar do que não devemos fazer de novo...
   E o Tempo-guia, que inexoravelmente segue para frente, abriu uma exceção e me levou a um campo de juventude, de começos e de esperanças: o Espaço OI Kabum! que, em parceria com a CIPÓ e a UNESCO, promove a formação de jovens carentes para o uso de linguagens multimídias. Com eles fui  ver o Pelô, entretida em uma revista bacana produzida pelos estudantes, e descobri as pessoas que lá existem além do turismo. Também com eles  vi “Caymmi na Lata”, um projeto de releitura poética da obra de Dorival Caymmi através de fotos feitas com pinhole*. E o resultado foi tão mágico quanto a captura das imagens...E é com este sabor do ver, do conhecer, do apreciar que deixo esta viagem e cedo o lugar a vocês....se permitam, vão com gosto! Au revoir...

* Técnica que utiliza uma lata ou caixa pintada internamente de preto e revestida com papel fotográfico, onde a luz entra através de um pequeno orifício, promovendo assim a formação de uma imagem neste papel.

Um comentário:

  1. Gosto da forma como vc escreve. Os textos são claros e compreensível para todos os mortais. Belas mostras fotográficas pela cidade e devemos agradecer ao Marcelo Reis, também, pelo grande tabalho que ele está fazendo que é o Agosto da Fotografia. Então, vamos aguardar o que vem por aí. Bjs.

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