Fonte: http://enfermariadecampanha.blogspot.com/2008/05/minha-amiga-instabilidade.html |
A ausência legitima o instável. A não-percepção do corpo, dos limites, é que habilita a instabilidade na natureza, seja humana ou não. E tão real que um chão forrado de tijolos móbiles, pequenos metros quadrados de apropriação cerâmica, nos estimulam a perceber os passos que damos na vida. Esta instalação, na exposição “CorpoCircuito” - de Áurea Madeira - é assim: incrivelmente simples.... e simplesmente incrível. Nos exige o olhar no caminho, nos passos. Nos permite ousar no desequilíbrio, e temer o equilíbrio. Quantos caminhos fáceis nos são cruéis ? E quantos complicados nos são libertadores? Outra obra são peças convexas colocadas sobre uma parede, ambos em branco. Antes de conversar com a artista sobre sua produção e saber que são moldes de joelhos, minha leitura foi de imperfeições em uma parede lisa, representando que nada pode ser plenamente perfeito, e que existe beleza justamente por isso. A terceira obra é uma ode muda à dificuldade: uma cadeira sobre uma pilha alta de tijolinhos, onde sentar se torna quase uma escalada. Na vida encontramos muitas cadeiras assim, às vezes até ocupadas ... Algo a se pensar com seriedade...Já que falamos em pensar, e com seriedade, isto é o que falta em determinados locais de ensino superior federal, onde a percepção da locomoção é no modo ausente. O gratificante na biologia humana é que todos estamos expostos a ter restrições no ir e vir por motivos vários, do assistente de serviços gerais ao diretor efetivo. Que tal exercemos a alteridade e buscarmos mudanças estruturais e arquitetônicas que permitam o livre trânsito de qualquer um, independente do nível de suas funções motoras, nos espaços de estudo? Estável ou Instável,qual será a opção do responsável legal da instituição?