domingo, 17 de outubro de 2010

Arte, logo existo.



    Neste jogo de cartas chamado vida, algumas pessoas saem da mesa cedo demais...Marcantonio Vilaça foi uma delas. Elemento fundamental na projeção da arte contemporânea brasileira  na década de 1990, este galerista  e colecionador foi responsável pela divulgação artística verde-e-amarela  no mercado internacional. Fazendo uma homenagem mais que merecida, o SESI, entidade integrante do Sistema Indústria, criou o Prêmio CNI SESI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas,  que no período 2009/2010 promove sua 3ª edição.
    Eis os premiados, com as obras em exibição no Museu de Arte Moderna :
 - Armando Queiroz, o artista paraense que desnuda a violência, em vídeo-instalações e peças que raptam os olhos para o absurdo. Que tal observar o mercado Ver-o-Peso de um jeito único? Deliciosamente instigante.
-  Eduardo Berliner, do Rio de Janeiro, apresenta pinturas com bases em imagens fotográficas. Tem seu caderno de desenhos e camêra fotográfica como uma extensão de seus braços, aprecia a bricolagem e acha o mundo um lugar estranho. Um bom adjetivo. Estranho.
- Henrique Oliveira, de São Paulo, traz a poética do orgânico, do efêmero que teima em resistir. A percepção custa a acreditar que são peças produzidas com madeiras velhas, de tão sinuosas e maleáveis que aparentam ser. Também permite a releitura de nossa rigidez interna e de como é possível moldar o que queremos. Aplausos.
- Rosana Ricalde, carioca, é a artista com destaque na mostra de Salvador. Talvez como um presente, já que o mar tão belamente diluído nas suas obras foi de inspiração baiana. Ver suas obras é a redundância de  viajar pelas águas, seja com tipografia ou somente tinta. Suave.
- Yuri Firmeza, paulista cearense,  coloca o público para caminhar em volta de si mesmo sem perceber, forçando o atrito entre  o medo e a curiosidade do desconhecido. É ostensivamente arte política. Protesto aqui, deveria estar na Bienal de São Paulo. Sim, Bi-e-nal.
  Apresentações feitas, agora vamos pensar: se a arte é também como um jogo, então os prêmios de promoção artística são os mais disputados. Na mesa estarão o artista, o curador-crítico-galerista, o público e o espaço. Apostas e blefes vão acontecer, e com trapaças de todos os lados. Felizmente neste jogo nunca existirão vencedores, porque qualquer um que saia da mesa estará levando consigo uma parte necessária e essencial do sentido da arte. Hora de refazer as regras e entender o que significa união.

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