domingo, 25 de dezembro de 2011

Resultado!

Conforme prometido, aqui estamos para anunciar o mapeamento escolhido:
Profissionais de Museologia nos museus de Salvador.
Em breve anunciaremos o diário de bordo e um novo quadro do blog, o "Enquanto isso...", que falará do que acontece em artes visuais na cidade. Continue nos acompanhando e aproveitando o mundo arte-museu que declamamos!!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Presente de Natal para a Museologia da Bahia

O Coletivo Maria Vernissage resolveu vestir uma roupinha vermelha, subir no trenó e presentear a museologia baiana. De hoje até o dia 24/12 vocês poderão escolher entre quatro propostas de mapeamentos, e o eleito será produzido pelo grupo e disponibilizado em julho de 2012, gratuitamente, para consulta e aquisição. É só clicar na enquete ao lado. Segue a descrição de cada uma:

1. Mapeamento do mercado de estágios em museus no Recôncavo Baiano - Esta proposta elenca uma pesquisa de campo nas cidades de Salvador, Cachoeira, São Félix e Itaparica, sobre como, quais, e onde estão os estágios, e uma discussão sobre o mercado de trabalho para os futuros museólogos;
2.  Mapeamento dos departamentos de conservação nas instituições museológicas vinculadas à DIMUS - Esta proposta elenca uma pesquisa de campo dentro dos departamentos de conservação (dos que tiverem este espaço) e de análises primárias sobre o tratamento do acervo nesses espaços;
3. Mapeamento dos profissionais em Museologia atuando nos museus de Salvador - Esta proposta elenca pesquisa de campo e entrevistas com profissionais atuantes no mercado soteropolitano, e geração de um mapa profissional e busca de parceria com o COREM 1ª A;
4. Mapeamento das condições de acessibilidade nos principais museus de Salvador - Esta proposta elenca uma pesquisa de campo nos principais museus da cidade, localizados entre os bairros da Graça e Centro Histórico, sobre a acessibilidade de forma ampla. O diagnóstico destes espaços darão origem a um livreto, com dicas e propostas para modificações.

Caso queira mais detalhes sobre cada mapeamento, mande-nos um email para: mariavernissage@gmail.com
O resultado será divulgado no dia 25/12.  

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

"Argilosamente" camaleônica, por Aila Canto.

Fonte: http://corretoradearte.com.br/portal/galeria/noticia/noticia.php?codigo=300

Consuelo Radclyffe surpreende pelo mimetismo. Não só o plástico, onde a argila se veste de papel machê, mas com o mimetismo estético. Em um espaço quarto-de-bonecas, localizado na Caixa Cultural de Salvador, a exposição “Momentos” recria um universo lúdico, em primeira instância, com meninas-esculturas representando os mais variados recortes da infância. No segundo momento, naquele em que deixamos de ler visualmente, enxergamos por baixo da pele do camaleão: a dor de ser e se tornar mulher. A artista traz, disfarçado sob camadas de argila, o significado mais denso da passagem entre infância e idade adulta. De um simples olhar enviesado, passando por máscaras e brinquedos, até o sapato com tachas, a mensagem vai se tornando da cor da exposição - mesclada e borrada - de dores e prazeres, onde a beleza está justamente em ser imperfeita.

Conheçam o trabalho completo da artista em: www.consueloradclyffe.com


Tamanho é documento SIM! Por Renata Cardoso.

 O olhar de quem está incluso no universo da museologia é diferenciado. Muitas vezes nos detemos a observar muito mais atentamente a estrutura em que a obra se encontra do que necessariamente a obra em si.  E é com este “olhar museográfico” que vi a exposição “Momentos”, da artista baiana Consuelo Radclyffe, na Caixa Cultural de Salvador. Que as suas esculturas são lindas e nos trazem sensações e boas lembranças dos nossos próprios “momentos”, isso ninguém duvida, porém a forma em que as peças foram distribuídas no espaço é que apresenta complicações. A maioria das esculturas estão nas laterais da sala, com  uma ao centro, e aí que está o problema. Imagine você visitante, concentrado, admirando uma das obras e meio sem pensar, num simples movimento, em um passo para trás, esbarra nesta vitrine central... O estrago está feito. Você corre o risco de danificar a obra e/ou se machucar.... Pensar em expografia é pensar em segurança também, que não é exclusivamente ter extintores para diversos tipos de materiais ou saída de emergência, é pensar no direito do visitante de ir e vir dentro do museu, sem colocar o bem estar dele em risco. A utilização de vitrines com duas repartições, neste caso não daria muito certo, porque geralmente a largura destas iria deixar a sala menor do que ela já é. Prateleiras ou grandes cubos nas paredes, porém a sala é tão pequena que não permite que intervalos entre elas sejam feitos, e a exposição acabaria sendo um amontoado de peças. A solução mais conveniente é a ida para uma sala que disponha de um espaço maior, mantendo a forma de distribuição. É válido se pensar em soluções que possam contemplar as duas partes mais importantes de uma exposição: o trabalho do artista e o público que o visita.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

O Coletivo Maria Vernissage

 Desdobrando a proposta inicial deste blog, venho aqui apresentar o mais novo grupo de trabalho no campo que entrelaça a Museologia e a Arte: o Coletivo Maria Vernissage. Formado por Aila Canto, Etiennette Bosetto, Janaína Ilara, Luciana Moniz e Renata Cardoso, a ideia é propor debates, ações e produção de textos sobre a documentação da arte contemporânea, o mapeamento dos espaços museológicos e a crítica de arte. A partir deste mês estarão aqui as discussões (e os resultados) sobre estes temas pertinentes ao âmbito do Coletivo, e a abertura deste espaço virtual para as possibilidades de debate público. Interpele-nos, instigue-nos e, essencialmente, incite-nos!

sábado, 1 de outubro de 2011

Novos Tempos

O Maria Vernissage passou um tempo pensando em como poderia atuar de maneira mais efetiva no campo artístico e cultural de Salvador e... novidades estão a caminho!! Em breve, uma nova roupagem, um aumento na família Maria e todo o furor que acompanham as grandes mudanças no mundo! Aguardem!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Niobexandoísmo...

Flor Fantástica XII, c.1966, óleo s/ tela, 73 x 91cm, Coleção da família.
Máscara CCXI, 1969, óleo s/ chapa, 46 x 54cm, Coleção Bárbara Schubert Spanoudis

Perdi-me entre as “Florestas Fantásticas e Máscaras Imaginárias” de Niobe Xandó. Tateei a saída pelas palavras de Antonio Carlos Abdalla, o curador do que está em exibição na Caixa Cultural, e descobri o porquê desta artista ser inclassificável.
A sensação primária ao olhar sua pintura é um vazio mental. Aos poucos, como se buscássemos nos recônditos mais esquecidos, aqueles que negamos a nós mesmos, as imagens vão tomando forma e significado. A resposta é cruel, nua, sem pudor.  É um 3D de humana desumanidade, de como podemos ser frios, observando a natureza íntima de suas florações, e assustadores, perscrutando o  inconsciente pujente em suas máscaras. Segundo Mário Schenberg, “Niobe não conseguiu amar o homem da sociedade de consumo, sem cor, sem sabor, sem cheiro, mas o retratou.”
Dentro desta produção, Niobe Xandó consegue um tipo de unidade nos múltiplos ritmos que impõem às suas obras: organicidade visceral. De elementos florais a traços ricamente geometrizados, o orgânico aparece pululante em cada pintura observada, independente do período no qual foi produzida.  É como se a arte mágica e fantástica, o dadaísmo e a arte ecológica, somados a uma consciência histórica e social, tirassem de si o que têm de mais telúrico e formasse um novo movimento, o niobexandoísmo. Sim, de tão única e livre só assim seria possível encaixar esta coletânea em alguma classificação...



P.S. Aos que puderem ajudar: o curador Antonio Carlos Abdalla pediu, no dia da abertura, quem tiver, ou conhecer pessoas que tenham alguma obra de Niobe Xandó que ainda não esteja catalogada, que entre em contato com ele:  acmabdalla@uol.com.br

terça-feira, 31 de maio de 2011

Singular diversidade.



Há tempos que a surpresa, esta ninfa voluntariosa, não me presenteava com sua visita. Eis que numa bela noite de abril, espreitando uma vernissage na Galeria Cañizares, a encontro esparramada sobre as obras de Carlos Eduardo Góes, o Kadur. Entre “Transplantes” e “Corpos”, a exposição transbordava conceituações artísticas sobre a relação corpórea com o ambiente, e de como a diversidade é inerente ao que é humano. Passado e futuro estavam ali em mútuo acordo, quase espelhos um do outro. A multiplicidade de técnicas trazia no bojo o essencial: de que para ser único é necessário saber de muitos. E este artista sabe, a exemplo de sua obra “Novo Prometeu”, onde gravura, pintura e escultura se fundem sincronicamente, dando forma  a um novo ser. Alguns se perguntarão por que demorei a escrever sobre ele, e aqui respondo: apenas hoje a surpresa saiu da minha alma...

sábado, 16 de abril de 2011

Bienal e Bricolagem

Copo + Água + Rolha + Agulha = Bússola


O MAM foi tomado por completo. Os espaços, logística e recursos humanos se voltaram para contemplar a 29ª Bienal de São Paulo – Obras selecionadas, um recorte com 10% do que foi exibido na capital paulista no final de 2010. Para quem teve a oportunidade de ver a mostra nos pavilhões do Ibirapuera vai, inevitavelmente, ficar com uma sensação de amostra grátis... Contudo, a seleção está interessante, com obras de Miguel Rio Branco, Jean-Luc Godard, Gil Vicente, Anri Sala...É uma verdadeira aula de bricolagem -física e antropológica-, de como obras e público vivem da constante relação adaptativa para manter a conexão. Vejamos Douglas Gordon, com a obra Pretty Much Every Film and Video Work from 1992 until Now. To Be Seen on Monitors, Some with Headphones, Others Run Silently, and all Simultaneously, 1992 - que reúne cerca de setenta filmes e vídeos, quase todos os seus títulos realizados nos últimos dezoito anos. Na exibição em São Paulo, os aparelhos de tv estavam empilhados horizontalmente, onde o olhar não abarcava a totalidade, e a decisão do que ver era confundida pela magnitude. Já na Capela do MAM, a obra ganhou outra roupagem, onde os monitores estão espalhados conforme uma loja de eletrodomésticos, ficando o observador livre para focar no que mais lhe atrair. Dois momentos e espaços diferentes, resultando em duas obras diferentes, ficando em comum  apenas as peças que as formam (oui, bricolage!) e a fruição. Falando em fruir, aqui é a hora da curadoria educativa, que mostrou ser possível educar com/por arte. Merece mais do que aplausos, pelo projeto, pelo material distribuído, pelos profissionais envolvidos. Merece permanência.

 Link de um vídeo com a obra de Douglas Gordon, quando exibida em São Paulo.
http://www.youtube.com/watch?v=5sYPr0z-emE

sábado, 5 de março de 2011

Férias

A Maria Vernissage está de férias. Férias produtivas, por sinal. Aprimorando a bagagem cognitiva e observando o mundo das artes. Volto em breve. Muito em breve.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A exposição do Não...


Depois de uma visita ao Solar do Ferrão para apreciar o acervo exposto de peças sacras, da coleção Abelardo Rodrigues, deixo aqui algumas linhas para reflexão...
Uma exposição começa no pensamento. Em seguida, se projeta ao espaço, ganha contornos físicos. Por último, acontece a experimentação com o corpo. Obras apinhadas em um local como se fosse um estande de feira comercial não é uma exposição. Estas precisam ser contextualizadas, e a isto chamamos curadoria.
Acredito que cada obra deve ocupar o estritamente essencial para ser vivenciada sem perda, mas é necessário abandonar a pretensão de ter sistematicamente um cubo para a peça tridimensional. E também não se torna primordial exibir todos os exemplos para explicar um conceito. Não é preciso esconder as estruturas e pintar tudo: a museografia pode ser Brechtiana, por que não?
Exposições são realizadas para que se aprenda, e apreenda, algo do acervo que se observa/interage. Entendo a curadoria como a criação de uma escola temporária. Público e obras estabelecem um diálogo, em uma vivência curta e com objetivos comuns a ambos. Considero exposições de sucesso aquelas das quais saí como amiga íntima. E esta do Solar, nem como colega de fila de cinema...

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

O rei está nu...

Naked King, de Katarina Vavrova

Em dezembro de 2010 fui assistir a uma palestra de um renomado curador sobre Joseph Beuys, cuja exposição encontra-se em exibição no MAM. Auditório lotado, apresentação logística impecável. Imagens incríveis de pinturas dos séc. XVI ao XIX sobre os santos Cosme e Damião, para exemplificar uma releitura. Um relato sobre a vida do artista em um tom intimista envolvente e explicações elucidadoras sobre algumas de suas obras. Entretanto, após duas horas e meia de audição, percebi que a cola usada para unir estas partes foi de péssima qualidade, como uma forçosa busca sobre o que o Brasil e Joseph Beuys teriam em comum e a correlação estranha entre duas de suas produções e o ataque ao World Trade Center, nos EUA.  Foi muito decepcionante perceber o descuido no discurso, como se o fato de ser um expert estrangeiro corroborasse dizer aleatoriamente qualquer coisa  naquele auditório, e para aquela plateia de parvos brasileiros. E claro, decepção ainda maior de ouvir esta mesma plateia ovacioná-lo com emoção e efusividade ao final de tudo. Senti-me a criança olhando para a roupa nova do rei...
Um ano novo se inicia, mas uma torrencial  chuva de velhas promessas, disfarçadas em  outra roupagem, nos molha com uma obviedade que assusta. Aproveitando este momento onde fica mais fácil aceitar transformações, venho sugerir uma promessa diferente, que ainda não vi acontecer em terras baianas: que tal pararmos de nos embevecer com a mediocridade e as amostras grátis intelectuais que o mundo importado, volta e meia, insiste em nos "presentear" ?