quinta-feira, 26 de julho de 2012

Mostra destaca nova produção do Nordeste por Silas Martí, Folha de S. Paulo

Uma pensão no largo Dois de Julho, em Salvador, abriga os travestis que fazem programa nas redondezas. Virgínia Medeiros mergulhou na história deles e montou um estúdio fotográfico em que retratou esses personagens em troca de suas histórias.
Seus relatos em vídeo e contos que a artista escreveu estão agora numa exposição do Paço das Artes, "Metrô de Superfície", uma coletiva de artistas do Nordeste que despontaram na última década.
Nesse recorte, a indefinição de gêneros surge como um denominador comum. "São artistas que reinventam a sexualidade, que criam grandes ficções", resume Clarissa Diniz, curadora da mostra. "Eles fazem trabalhos emancipadores, de grande fôlego, obras que explodem."
Solange Tô Aberta, banda criada pelo artista Pedro Costa, também exalta a ideia de gêneros híbridos em letras de funk hedonistas e shows catárticos que faz pelo mundo.
"Funk é uma forma livre de trabalhar com a música, falar dessa mulher que goza, não mais submissa", diz Costa num vídeo exibido no Paço. "As pessoas sofrem quando não estão enquadradas como macho ou como fêmea."
Essa inquietação com o corpo também informa outros trabalhos da mostra. Rodrigo Braga simula uma cirurgia em que costura o focinho de um cachorro morto ao próprio rosto, com uma sequência fotográfica da operação.
Noutra peça desconcertante, Solon Ribeiro projeta fotogramas de filmes clássicos sobre carcaças de bichos num matadouro e aparece dançando com pedaços de carne, uma "cena dionisíaca, violenta, que mistura sangue e morte", nas palavras de Diniz.
Dor é outro ponto de partida. Amanda Melo faz uma performance em que cobre todo o corpo com fita isolante e caminha pelas ruas, arrancando depois o plástico num strip-tease às avessas -a imagem de uma sexualidade em construção. 
 Saiba mais sobre a exposição: Metrô de superfície

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