Matéria originalmente publicada no caderno Cultura do jornal globo.com em 19 de setembro de 2012
‘Falta articulação com o Ministério das Relações Exteriores’, diz curador do MAM do Rio
RIO - Para artistas, curadores e colecionadores, há pelo menos três
nós na relação do governo federal com as artes visuais: política de
formação de acervo, hoje quase inexistente, altos impostos de importação
(que chegam a 40% do valor de uma obra de arte) e o trabalho ainda
pífio para o fortalecimento das instituições que divulgam as obras de
arte no país. O primeiro ponto crítico, a falta de trabalho consistente
para constituir acervos de qualidade, é dos mais lembrados e urgentes. O
artista Carlos Vergara exemplifica:
— Quando curadores internacionais vêm ao país, eles têm de ir à casa
dos artistas, porque os museus não têm política de compra. Vamos ter
Copa e Olimpíadas, acho que é uma chance grande de mostrar que há vida
inteligente por aqui.
Para o crítico Frederico Coelho, “a formação de acervo é o principal
trabalho que o Estado pode exercer: fazer com que as pessoas que
trabalham com arte possam ter perspectivas de que seu trabalho vai
circular”.
Curador do Museu de Arte Moderna do Rio, Luiz Camillo Osorio defende o
fortalecimento institucional, com “o mapeamento das instituições de
caráter regional, nacional e internacional, para a consequente criação
de uma política nesse sentido”.
— Sinto falta disso e da articulação internacional, com o Ministério
das Relações Exteriores, para criar uma instituição como o Instituto
Cervantes ou o British Council, que divulgam seus artistas no exterior —
diz Camillo.
No mercado, a queixa recorrente repousa na questão fiscal. O marchand
Max Perlingeiro afirma que “hoje, o colecionador é quase penalizado,
com imposto de 42,5%, ao tentar repatriar obras de arte brasileira”.
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