Matéria de Camila Molina originalmente publicada no caderno de Cultura do jornal O Estado de S. Paulo em 2bde setembro de 2012.
O maior evento das artes no Brasil solucionou problemas que ameaçaram sua realização
A Bienal de São Paulo chega à sua 30.ª edição de forma renovada,
apesar das dificuldades de percurso que quase inviabilizaram sua
realização. Um amplo número de obras, cerca de três mil, criadas por
111 artistas, e um projeto curatorial consistente, idealizado pelo
venezuelano Luis Pérez-Orama.
O título da 30.ª Bienal de São Paulo, A Iminência das Poéticas, é
considerado pela curadoria não um tema, mas um eixo condutor da mostra.
"Trata-se mais de um pretexto para pensar, para lançar perguntas",
explica Oramas, curador responsável pelo departamento de arte
latino-americana do Museum of Modern Art (MoMA) de Nova York.
A seleção de artistas e obras da mostra foi feita em conjunto com os
curadores-associados André Severo e Tobi Maier e a curadora-assistente
Isabela Villanueva. Questões como multiplicidade, recorrência e
mutabilidade das poéticas, aspectos fortemente presentes no mundo
contemporâneo, estão privilegiados nesta edição.
"Fizemos uma mostra como poucas na história da Bienal. Ela propõe uma
temática nova de debate, um discurso novo", analisa o presidente da
Fundação Bienal de São Paulo, o empresário Heitor Martins, à frente da
diretoria da instituição desde 2009. Segundo ele, a 30.ª edição foi
realizada com um orçamento "20% menor" que o da edição anterior.
"Concluímos toda a captação de recursos, de R$ 22,4 milhões, antes da
abertura da mostra."
Nos primeiros meses do ano, a Fundação Bienal passou por momento de
insegurança quanto à realização desta edição do evento. Em janeiro, a
entidade teve suas contas bloqueadas por questionamentos da
Controladoria-Geral da União (CGU) sobre convênios firmados pela Bienal
entre 1999 e 2007. Uma liminar concedida em março pelo Tribunal Regional
Federal (TRF) de São Paulo possibilitou que a instituição tivesse seus
recursos desbloqueados e pudesse fazer a captação orçamentária para a
30.ª edição. "Vejo o futuro com otimismo. Paradoxalmente, a crise
fortaleceu o diálogo com o Ministério da Cultura e estamos buscando
caminhos para analisar as contas do passado e buscar soluções
concretas", diz Heitor Martins.
Nesta edição, além de um mapa do pavilhão da Bienal e informações
sobre outros espaços que dialogam com a mostra, textos analisam as
diversas facetas do evento. A partir de conversa com Oramas, Antonio
Gonçalves Filho apresenta as ideias que guiaram suas escolhas. A crítica
Maria Hirszman trata da estrutura da exposição. Simonetta Persichetti
aborda a presença da fotografia. Já o crítico Rodrigo Naves investiga as
relações entre arte e loucura por meio da obra de Artur Bispo do
Rosário, um dos homenageados deste ano. E Teixeira Coelho, curador do
Masp, traça um panorama histórico das 29 edições anteriores do evento e
discute seus desafios futuros.
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