domingo, 9 de setembro de 2012

Mostra sem curador reúne iniciantes e nomes consagrados

Matéria de Gustavo Fioratti originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 4 de setembro de 2012.
Para participar de exposição no Liceu de SP bastava levar uma obra de autoria própria

Para construir a obra "Totem", o italiano Francesco Di Tillo, 28, passou o domingo recolhendo o lixo produzido pelos 310 artistas que compartilharam um mesmo espaço.
Bem no centro do galpão do Liceu de Artes e Ofícios, na Luz, a montanha foi ganhando volume, cheia de plástico bolha e papelão.
Assim como Tillo, os outros artistas da exposição "Artes e Ofícios¹ - Para Todos" não foram selecionados por um curador. Para conseguir um lugarzinho, bastava chegar com uma obra de autoria própria e fazer a inscrição.
A porta do galpão foi aberta às 11h, quatro horas depois de o estudante de artes Fernando Braida, 21, de Juiz de Fora (MG), chegar com um retrato em aquarela. A fila cresceu até quase cem metros. Ao meio-dia, a organização passou a distribuir senhas, para que os artistas não precisassem ficar em fila sob o sol.
Ao som de marteladas, os trabalhos foram ocupando todo o galpão. Alguns artistas mais cotados deram as caras, como Rodolpho Parigi, Fábio Gurjão e Antonio Malta.
O diretor de criação Nathan Cornes, 37, não conhecia o trabalho de Nuno Ramos, que instalou um tríptico à direita de sua obra. "Acho ótimo igualar todo mundo. Aqui, você vai ter um quadro de um cara da praça da República e outro feito por alguém da USP que está desconstruindo a arte do século 20", diz.
A obra de Cornes chama-se "Pirueta". Nela, cubos de gelo com aquarela derretem sobre a tela, dando origem a paisagens quadriculadas.
A divulgação da exposição, por Facebook, chegou aos ouvidos de artistas que trabalham fora do Brasil. As suecas Merzedes Sturm-Lie, 20, e Cecilie Hundevad Meng Sovensen, 26, demarcaram com fita adesiva o lugar onde vão realizar uma performance.
A dupla está pesquisando fatos relacionados ao anarquismo no Brasil e se interessou pela comunidade italiana Colônia Cecília, que existiu no Paraná no século 19.

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