Matéria de Juliana Monachesi originalmente publicada na Revista Select em 14 de agosto de 2012.
Depois de Bice Curiger em Veneza (2011) e Carolyn Christov-Bakargiev em Kassel (2012), Porto Alegre acolhe uma curadora mexicana
Sofía Hernandez Chong Cuy é anunciada curadora-geral da 9ª Bienal do Mercosul
A Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul anunciou na
segunda-feira a equipe curatorial da próxima edição da bienal de Porto
Alegre. Com curadoria-geral da mexicana Sofía Hernandez Chong Cuy, os
curadores brasileiros Mônica Hoff, Bernardo de Souza e Julia Rebouças
trabalharão junto de outros três curadores internacionais, Raimundas
Malašauskas (Lituânia), Sarah Demeuse (Bélgica) e Daniela Pérez
(México). Também integra a equipe o conselheiro pedagógico Dominic
Willsdon (Reino Unido).
O foco da proposta curatorial para a 9ª edição da Bienal do Mercosul,
que acontece de setembro a novembro de 2013, será a interação entre
natureza e cultura, explorando as causas e os fenômenos naturais que
impulsionam viagens e deslocamento humano, avanço tecnológico e
desenvolvimento mundial, além das expansões verticais no espaço e
explorações transversais ao longo do tempo. Sob essa ótica, os artistas
serão considerados nos papéis de colaborador, mediador ou exilado.
Está prevista a participação de cerca de 90 artistas de diversos
países - considerados no projeto como "visionários do passado, do
presente e do futuro". Os espaços onde ocorrerá a mostra, incluídos na
carta de intenções da curadora mexicana (leia a seguir), são Usina do
Gasômetro, Santander Cultural, MARGS – Museu de Arte do Rio Grande do
Sul, Centro Cultural CEEE Erico Verissimo. Fica a pergunta acerca dos
tradicionais galpões do Cais do Porto: serão excluídos nesta edição?
Promessas: Declaração da Curadoria
Sofía Hernandez Chong Cuy
Sofía Hernandez Chong Cuy
A proposta curatorial para a 9ª Bienal do Mercosul foca
conceitualmente na interação entre natureza e cultura, e os modos como
os artistas visuais referem-se ao desconhecido, ao imprevisível e aos
fenômenos aparentemente incontroláveis. A curadoria empenha-se em
considerar as causas naturais e os efeitos que impulsionam a viagem
humana e o deslocamento social, o avanço tecnológico e o desenvolvimento
do mundo, as expansões verticais no espaço e as explorações
transversais através do tempo. Isso envolve o olhar sobre os efeitos que
esses movimentos impõem, suas influências e manifestações, abrangendo
moradia, mineração, investigação e exploração daquilo que está acima e
abaixo das esferas sociais.
A promessa é articular questões ontológicas e tecnológicas através da
prática artística, da criação de objetos e dos elos de experiência.
Os artistas convidados a participar da 9ª Bienal do Mercosul são
considerados visionários do passado, presente e futuro. Assim sendo, a
proposta curatorial está organizada em três abordagens que analisam as
práticas artísticas. Essas aproximações consideram a figura do artista e
intelectual como um colaborador, um mediador ou um exilado. Em cada
abordagem, eles são vistos como produtores: criadores de imagens,
objetos, histórias e situações, e também de tempo e de espaço e, em
alguns casos, de definitivamente nada. Como um enfoque abertamente
contingente aos distúrbios atmosféricos, esse processo envolve diálogos
constantes sobre o que é imaginário e o que é real, o que é visto e o
que é invisível, o que é imperceptível e o que é palpável.
A promessa é identificar, propor e repropor sistemas de crenças mutáveis, bem como analisar inovações.
As exposições e programas da 9ª Bienal do Mercosul estão focados nas
culturas de trabalho existentes e imaginadas – incluindo aspectos de
isolamento e abertura, assim como de privacidade ou publicidade – em
processos que envolvem a experimentação da arte e da tecnologia. De
forma semelhante, convergem o olhar para a apresentação de mecanismos e
ambientes espaciais nos quais insights e descobertas são criados e
compartilhados publicamente. Além de avaliar processos, as exposições valorizam as iniciativas sustentáveis e também admitem a entropia iminente. Ao fazê-lo, a curadoria aborda arte e ideias como portais, ferramentas e provocações – tanto funcionais quanto inúteis – à experiência de manifestações culturais e naturais possivelmente ainda não reconhecidas.
compartilhados publicamente. Além de avaliar processos, as exposições valorizam as iniciativas sustentáveis e também admitem a entropia iminente. Ao fazê-lo, a curadoria aborda arte e ideias como portais, ferramentas e provocações – tanto funcionais quanto inúteis – à experiência de manifestações culturais e naturais possivelmente ainda não reconhecidas.
A promessa é descobrir recursos naturais e materiais culturais sob
uma nova ótica, especulando as bases que têm marcado as distinções entre
a descoberta e a invenção.
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